Adormeceu, mas não como quem espera ser acordada por um beijo encantado. Adormeceu no cansaço da alma, na certeza de que os sonhos amparam e limpam as dores… anulam os dissabores e revigora, para a caminhada do dia seguinte.
Ela não era princesa!
E por não ser princesa, não sabia do final… apenas sabia que ele aconteceria, assim, feliz ou não e, independente dele, agradecia, porque teria, logo pela manhã, quando despontasse um sol, o dia para viver, mesmo que fosse fora do castelo.
Afinal, ela gostava dos campos abertos, onde, na grama de flores miúdas e macias, construía um estendal e ali repousava, com um cobertor de estrelas e um travesseiro de lua.
Vivia momentos… instantes de tudo os que precediam.
Era vagante das luzes que volitava do romper da aurora até o debruçar da noite.
Mulher de fases, de ilusões e rompantes!
Era, por fim, a ambiguidade tão esperada… opostos constantes… dicotomias…
Finalmente, era, tudo aquilo que tinha que ser, principalmente aquilo que nem sempre esperavam dela – uma rosa branca, na janela para enfeitar o entardecer.
Uma linda bailarina, como muitas que passam pela vida sem nunca ter colocado sapatilhas e, na ponta dos pés, vivia a correr…