Ao longo da vida,
deixe-me fluir, em rio largo
e de margens comprimidas.
Um rio profundo com águas irisadas,
com gosto límpido e doce,
onde quase sempre eu me afogava.
Apesar de não ser mar,
tinha uma praia ao meu redor
e de tanto banhar-me nesse rio
hoje, seu curso sei decor.
Nesse rio, muitas vezes riacho,
levei barquinhos a navegar,
entre os espasmos da minha alma
guardei soluços para não chorar.
Hoje o rio não mais existe,
apenas uma fonte corre em fio…
E nos navios da ilusão
Sou um fantasma em desvarios.