O GRITO – Lucas Mariano

Nunca leio somente um livro.

É hábito ler dois ou três, não ao mesmo tempo, pois é impossível, mas alternadamente.

Oras, quis aqui fazer uma brincadeirinha!!! Risos… Muitos risos… KKKKKKKKK – onomatopeia.

Passado pouco mais de um mês da FLIV – Feira Literária de Varginha, acabei de ler O GRITO, de Lucas Mariano.

A obra tem quase 1.000 páginas.

Diria ser um romance narrado em forma de diário, onde a vida de vários núcleos de personagens retratam suas realidades em sensações variadas.

Tudo é sensorial – o ambiente, os personagens, o tempo…

Tudo tem som, cor, paladar!

Poderia resumir a obra em pouquíssimas palavras – ” O livro narra a história de Firmino e Gustavo, dois homens que se encontram, por meio das tramas da vida, e a partir de suas histórias podemos ver o quanto as referências familiares, os fatores socioeconômicos e o meio no qual estamos inseridos nos influenciam para o bem ou para o mal.”

Mas a obra ultrapassa tudo isso e vai além do superficial e do explicito.

Lucas Mariano descreve os horrores e terrores da vida sem pudor.

A leitura é tão intensa que ainda sinto o cheiro dos bifes de fígado que foram fritos em palavras… Consigo tocar as caixas de bacalhau que eram vendidas, aos montes, na década de 1960.

Não seria elegante dar spoillers, então digo que o escritor foi brilhante na sua narrativa, mostrando que certos seres já chegam a esse mundo fadados ao fim, por motivos que nem sempre podem ser explicados.

Numa escrita meticulosa e bem trabalhada na veracidade das datas, na linearidade de cada núcleo apresentado, o autor vai deixando um rastro propício para infinitas reflexões.

O final é surpreendente!

Na verdade, esse livro fez-me reportar ao filme ESTÔMAGO, lançado em 2015, com a atuação magnífica do ator João Miguel, protagonista que interpretou Nonato.

Uns dizem que o filme retrata a ascensão e decadência de Raimundo Nonato, quando na verdade, deveria ser mais sensato analisar o prazer que a comida e o poder traduzem.

Bem, O GRITO fala de vidas, de cotidianos miseráveis que conduzem as pessoas à uma prosaica névoa de fatos reais e sobrenaturais, porque, em certos momentos das vidas humanas, as tragédias são tão robustas, que chegam a cair num desfecho sob-humano, mostrando um enredo fora do convencional, portanto, meio místico, esotérico e, por que não, deletérico.

E as pessoas, muitas vezes, não conseguem compreender que as simplicidades do dia a dia, a rotina imposta, ideologicamente, são mais complexas do que se possa imaginar.

O desfecho no final de ESTÔMAGO é algo inusitado, jamais esperado e, assim como no filme, a obra de Lucas Mariano também nos traz um final impressionante.

Uma leitura para os fortes!

Uma leitura para aqueles que gostam de “LIVRÃO” ou histórias com vários volumes.

Eu fico aqui, pensando no filme que esse livro daria e já tenho o elenco formado.

Foi um prazer inestimável poder conhecer Lucas Mariano, na FLIV, e ter tido a oportunidade de conhecer sua escrita.

Já estou me preparando para ler as outras obras que o autor possui.

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