INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL GENERATIVA: A NOVA COLÔNIA – Carmem Teresa Elias

Com um embasamento teórico/histórico, Carme Teresa Elias, fazendo uso da sua mente afiada e completamente sagaz, explana, em sua obra INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL GENERATIVA: A NOVA COLÔNIA, o caos que se ergue entre a humanidade e a inteligência artificial.

Escancara com detalhes o “CÉREBRO PODRE (brain rot) fruto de um excessivo pensar SUPERFICIAL que desnutre a mente humana, instalando letargia, confusão mental, declínio cognitivo e de capacidade de atenção.”

Invocando, quase que literalmente, os deuses, por meio deles, vai delineando o quanto a evolução do pensamento humano, tanto individual quanto coletivo, tem se degradado.

Com mais afinco ainda e, não fazendo suposições, mas afirmando com plena noção do declínio da aquisição do pensamento, revela o prejuízo que esse tema, desconhecido profundamente por muitos, atinge as ARTES em todos os seus segmentos.

Propõe uma reflexão clara e objetiva sobre a nova geração, que recebe e reverencia a nova forma de construir o SABER das coisas que são oferecidas prontas e em tempo recorde, sem que se precise apelar para os conceitos mais profundos ou do ato de refletir sobre, sem questionar.

Em nenhum momento da narrativa a escritora desmerece os avanços tecnológicos, pois ressalta a importância da AI em meios científicos, mas por outro lado, convida o leitor a mergulhar no exercício do uso desmedido desses mesmos mecanismos da tecnologia, abrindo os olhos para que a humanidade não caia no engedramento das fórmulas mágicas, encantadas e imediatas capazes de minimalizar e até mesmo desprezar os nossos valores, enquanto sere dotados de pensamentos, mesmo sabendo, Carmem, que o ato complexo de pensar estar fadado a mudanças radicais e sem um vislumbre de retorno aos mecanismos desenvolvidos ao longo da existência do homem, desde as mais remotas eras.

Eu, enquanto leitora, confesso que a abordagem é pertinente e, encaro não com dramatismo, mas com uma preocupação inquietante, de que o mundo está virado do avesso.

Sou fruto de um tempo em que pesquisávamos, escrevíamos, refletíamos, mastigávamos e debatíamos celeumas. Nada ficava despercebido e tudo passava pelo funil das dúvidas. Nada era recebido como produto pronto.

Sempre acreditei na sistematização dos estudos, sejam eles pertencentes a quaisquer áreas – científicas, filosóficas, culturais ou oriundos de questões supérfluas.

Sou do tempo que até as pequenas e insignificantes coisas provocavam o desejo pela pesquisa, pela descoberta de infinitas vertentes.

Tomar conhecimento, de que hoje e, no decorrer dos dias que ainda virão, tudo possa nos ser entregue como FAST FOOD, me causa um assombro imensurável.

Como artista, que sempre fui, lapidando incansavelmente minhas performances, o desenvolvimento mais profundo das minhas criações, carregadas de emoção, sensibilidade, sonhos, desejos e tantas outras denominaçõess impalpáveis, me pergunto, com espanto, muita insegurança e desolo se, estarão as máquinas preparando um ato escatológico, produzindo lembranças e saudade, esses dois sentimentos tão próprios e natos da nossa condição finita de seres dotados de alma.

Fica o convite para uma leitura elucidativa, porém com rastros para muita reflexão.

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