AO ETERNO AMOR QUE ME COMPÔS…

Beijo na minha boca as partes virgens do teu corpo.

Perfumo-te o hálito morno, em palavras doces e vorazes.

Com meus olhos arrumo teu leito e preparo teus sonhos com a matéria da minh’alma.

Coloco em teu caminho salamandras bailarinas,

véu prateado em imensas cortinas,

revoadas de borboletas,

ninhos de beija-flor…

Fontes, cascatas, riachos,

poderosos mares de Netuno,

ciclones ferozes a lamber tuas estradas,

miragens embaladas a alaúdes,

sinos dourados em simples capelas,

vaso de barro com única flor…

Escada mágica que te leve ao céu anil, róseo, lilás ou de furta-cor…

Imensas telas bordadas em neon

a clarear tuas noites solitárias,

o toque das minhas mãos solidárias,

madrepérolas à beira da praia,

chuva mansa,

cavalos alados,

visões da Utopia,

palavras da Odisseia,

o rebento, a canção…

A fervorosa oração!

A personificação do amor contido,

o segredo nunca revelado,

o tear das esperanças,

o escudo das inseguranças…

O desejo latente, de simplesmente e, por um segundo, em teu peito adormecer,

nos sonhos que te preparei,

com a matéria da alma.

Imagem – Obra de Èmile Vernon (Lady Woman With Red Flowers And Umbrella Park Garden)

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