O gozo está em ser o que sou,
mesmo à borda da ferida,
fazendo o frio arrepiar a dor.
Sem lâminas, sem cortes,
apenas os vértices das esquinas
onde todas as palavras se encontram
e são negociadas por meio de propinas.
Depois desembocam em cálice de tortura e silenciamento,
logo após são mastigadas e escarradas ao vento.
Partículas minúsculas…
Outras vezes aumentadas de maneira infinita,
assim vou ganhando forma
nos côncavos profundos e escuros da vida.
Lânguida ou lépida,
barcaça morosa ou navio a pleno vapor,
bordo monogramas em lenços brancos,
visto-me de negro e sinto medo
e, outra vez um jato de dor.
Nas notas tristes de um fado
acalento em penitência
o sumo do dissabor dos mais plenos segredos
em absoluta reverência.
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