CÁLICE (CALE-SE!)DE SILÊNCIO…

O gozo está em ser o que sou,

mesmo à borda da ferida,

fazendo o frio arrepiar a dor.

Sem lâminas, sem cortes,

apenas os vértices das esquinas

onde todas as palavras se encontram

e são negociadas por meio de propinas.

Depois desembocam em cálice de tortura e silenciamento,

logo após são mastigadas e escarradas ao vento.

Partículas minúsculas…

Outras vezes aumentadas de maneira infinita,

assim vou ganhando forma

nos côncavos profundos e escuros da vida.

Lânguida ou lépida,

barcaça morosa ou navio a pleno vapor,

bordo monogramas em lenços brancos,

visto-me de negro e sinto medo

e, outra vez um jato de dor.

Nas notas tristes de um fado

acalento em penitência

o sumo do dissabor dos mais plenos segredos

em absoluta reverência.

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