CANSAÇO…

Há um forte e abrasador cansaço.

Não é uma exaustão específica,

mas é estar-se exausta de tudo.

Exaurida, principalmente do nada.

Cansada de mim, do mundo, do raso e do fundo.

O que haveria de se fazer para tudo resolver?

Amar a alguém, desfrutar violentamente do carinho

que resta das migalhas esquecidas pelos caminhos.

Cansaço do absoluto e do supérfluo…

Dos sonhos descobertos,

dos segredos que me foram tirados de forma violenta.

Cansaço dos beijos que me roubam o alento,

das missas mal rezadas, da batina do padre, toda suada…

Preciso apenas da água benta,

com um calmante que me convide à sonolência.

Um cansaço extenso…

Crônico…

Puro!

Cansaço sem cura, como geleia que no fogo apura

em doçura ou amargor.

Cansaço,

Cansa

Can

Aço… aço… aço… a… a… ço… ço…

C-A-N-S-A-Ç-O!!!

Estilhaço de uma dor cortada em mil pedaços

de mais um pouco de cansaço.

Cansei!

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