OS BENEFÍCIOS DA MATURIDADE…

Já sou uma sessentona. Daquelas sacudidas que sempre viveu de boca aberta lutando contra os fracos e oprimidos, como diriam há muito tempo atrás. Porém, a gente cresce, ainda que seja aos sessenta e, graças a Deus e à minha disciplina meio indisciplinada que tenho crescido, não em tamanho ( a não ser dos lados), mas em atitudes. a mais importante delas é que passei a não me importar com aquilo que é importante, em demasia, para muitas pessoas.

Confesso que já passei por tempos melhores, mas não podemos reclamar quando, dos tempos ruins, tiramos grandes lições.

Há exatamente um ano passei por um carma. Se não for carma que alguém atribua outra denominação, alias, nós, os seres humanos, muitas vezes à beira da desumanidade, temos uma necessídade quase intrinseca de denominar tudo… Isso! Absolutamente tudo.

Mas fiz, ainda que de maneira sombólica, igual ao Friedrich Nietzsche – subi à montanha e lá fiquei, perto da serpente que eu e todos os demais trazem, dentro de si, em silêncio, decantando a alma e fazendo um balanço extremamento contábil e financeiro do que era realmente importante para mim; tudo aquilo que estava gastando em excessos, num consumismo imaterial absurdo que, por ser consumismo, estava me consumindo sem deixar nada de bom.

Oras, quando é o dinheiro que vai para o ralo, escoa pelos tubos, não há problema algum (bem para mim não há mesmo, pois não tenho moedas de ouro ou mesmo de níquel, o vil metal, para jogar fora), todavia, quando se trata do nosso bem estar físico e mental que começa a se esvair, aí a gente tem que repensar tudo e realmente respirar, expirar e, dizer um basta, para não PIRAR.

Entrei numas de querer consertar o mundo. E foi aí que descobri que o problema não estava no mundo e, sim, nas pessoas, inclusive em mim.

Depois de um ano de distanciamento fiz descobertas que não têm preço. Isso, não há MASTERCARD nenhum que pague.

Limpei o armário da minha mente e da minha alma.

Nesse interim sem intervalo algum, decidi, por força do destino, deixar a coluna da GAZETA de Varginha, onde escrevia artigos de opinião. O que eu não sabia, é que nesse mundo nós não podemos ter opinião. Ainda que essa opinião culmine num texto completamente genérico, há sempre aqueles que se encontram dentro das palavras e acabam nos processando. Pois é, no auge dos meus cabelos platinados e super hidratados, reluzentes como a prata, fui processada, violada nos meus direitos de expressão e, o mais incrível, sem nexo algum.

Ah! Também outros processos ainda estão em trâmites. Um ganhei em primeira instância e o outro, ao que me parece, está em fases de arquivamento, afinal, já havia sido arquivado num primeiro momento por inconsistência.

O que não falta nesse mundo é gente que, ou não tem o que fazer ou, tem tempo de sobra. Aí ficam se encontrando no meio das palavras dos outros, naquele típico ditado que diz: “Se a carapuça servir que a use.” E tem tanta gente se encontrando dentro daquilo que escrevo, porque a escrita tem esse PODER- de tocar a todos.

THE TIME IS MONEY MY FRIEND! O meu principalmente!

Então, nos meus dias de montanha decidi sair de cena. Veja bem, muitas vezes, sair de cena requer mais coragem do que estar atuando.

Já contribui muito com esse mundo em todos os sentidos.

Não! Não pense que vou pendurar as chuteiras que isso é coisa de esportistas desiludidos ou em tempo real de aposentadoria.

Não estou desiludida! Isso também não! Mas já sou aposentada e, como já expuseram para o mundo todo POR INCAPACIDADE PERMANENTE. Correto! Sou aposentada por não poder atuar mais como professora, que sempre fui com o maior orgulho de todos. Para dizer a verdade, só tenho esse orgulho na vida – o de SER PROFESSORA.

O que não sabem é que sou aposentada, mas não estou morta e não ganho dinheiro algum com as minhas atividades e, faço o uso maravilhoso da tecnologia que me ajuda muito nas questões visuais e, os amigos verdadeiros também sempre me dão uma mãozinha aqui e outra ali.

Apenas descobri que já mostrei muitas coisas de mim que, como diz o ditado: ” é entregar ouro ao bandido”… Ou como diria o Evangelho Segundo São Mateus – “DAR PÉROLAS AOS PORCOS.”

Retrai as minhas excessivas generosidades que estavam sendo interpretadas como idiotas.

Depois da montanha passei a dar mais significado às coisas que fazem sentido à mim e para mim.

Não preciso de luz se já sou luz.

Não preciso estar presente. Essa coiss de ONIPRESENÇA, ONIPOTÊNCIA e ONISCIÊNCIA são para os deuses.

Quero mesmo são as BREJEIRICES, LEVEZAS, DELICADEZAS, TERNURAS…

Enfim, quero ter meu tempo para comer algodão-doce, pipoca, ficar de pernas para o ar, poetar, vestir meu corpo todo e as minhas entranhas de poesias e histórias, assistir filmes, ler e ler e ler, crochetar, tricotar, pintar e bordar, sonhar e SER FELIZ, porque, como diz a canção: FELICIDADE É QUESTÃO DE SER.

E depois de tudo SER AINDA MAIS FELIZ e, o que, de agora em diante, é inegociável, CUIDAR DE MIM, porque da minha vida já sei que tem muita gente cuidando.

Quer gostem ou não, aqui vai a cereja do bolo – EU NASCI PARA DIVAR!!!

Tem livro novo chegando em breve!

Não se enganem! às vezes me faço de morta para dar um beliscão nas nádegas do coveiro!