DO OUTRO LADO DO ESPELHO…

Um corpo que não é meu
A lua que você me deu
A voz que me rouba a alma
O aço que me corta ao meio
Imagens difusas dos cômodos do meu corpo
Sala, cozinha, quarto e varanda
Janelas abertas para a entrada do vento

Do lado de lá do espelho, um convento
A abrigar uma santa profana
Que distribui as hóstias ao mundo
Nas bocas secas
Nos corações pálidos
Nas mãos amorfas

Do lado de lá do espelho
Alguém a abrir uma porta
Que dê acesso a um mundo
Mais cheio de ternuras e sonhos verdadeiros

Mas, tudo isto, do outro lado do espelho
Para quem se atrever
A transpôr o aço dos meus olhos

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